Cidades

Número de homens responsáveis pelas tarefas do lar cresce em Alagoas

Dados do IBGE apontam que 6% a mais de alagoanos realizam tarefas domésticas; ainda assim, mulheres ainda são a maioria

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 20/04/2018 09h17
Número de homens responsáveis pelas tarefas do lar cresce em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
A realização de tarefas domésticas é uma realidade para 64,3% dos homens em Alagoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número é relativo ao ano passado e foi 6% maior que o resultado de 2016, quando 57,9% se declararam responsáveis pelos afazeres de casa. Outro dado interessante apontado pelo Instituto é que quanto maior o nível de escolaridade maior a participação nas tarefas. Os homens sem instrução ao com fundamental incompleto somam, na pesquisa, 62,4% em 2017, aumento de cinco pontos percentuais, já que em 2016 eram 56,7%. Já os com nível superior completo são 69% e eram em 2016, 55,4%. Mesmo com o aumento, as mulheres ainda representam boa maioria nas atividades do lar. Em 2017, 89,3% das alagoanas eram responsáveis. Já no ano anterior esse número foi de 87,1%.  Os resultados são do módulo “Outras formas de trabalho” da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2017 (Pnad Contínua) divulgados esta semana. A pesquisa aponta ainda que as mulheres que possuem uma ocupação profissional e mesmo assim são responsáveis pelas tarefas chegam a 91,8%. O que reforça a ideia de jornada dupla no estado. Em todo o país de acordo com o estudo, 92,6% das mulheres exerceram o trabalho dentro e fora de casa, no ano anterior o percentual era 90,6%. Já os homens representaram 74,1%, em 2016, para 78,7% dos 80,5 milhões de pessoas do sexo masculino que eram responsáveis pelas atividades. IGUALITÁRIO Entre o casal Erika Campos de 29 anos e Daniel Gomes de Oliveira de 27 a divisão é feita de forma igualitária. Cada um fica responsável por uma atribuição e em alguns casos ele supera a esposa na realização dos afazeres. “Eu só faço o almoço e lavo as roupas. Já ele lava o banheiro, passa pano na casa, faz bastante coisa”, conta Erika. A iniciativa de Daniel é uma constante, ocorre desde o início da relação e lá se vão cinco anos juntos. “Ele sempre me ajudou, fez as coisas. Desde o começo do namoro até o casamento e continua assim”, detalha. Para ativista, cultura de duplicidade de jornada ainda é muito presente   Apesar do aumento no índice de participação masculina, a representante do Movimento de Mulher Olga Benário, Lenilda Luna, avalia que ainda há uma cultura de duplicidade de jornada muito presente. “Do ponto de vista da luta por igualdade de direitos, o que nós percebemos é que, infelizmente, a sobrecarga para as mulheres só aumenta. Numa sociedade que exige uma produção cada vez mais intensa, num mercado bastante competitivo, as mulheres continuam se virando como podem para dar conta da dupla e tripla jornada de trabalho”, pontua. Segundo Lenilda, o perfil de homens e mulheres dentro dos lares exige a presença feminina de forma ativa. “O que eu vejo no meu cotidiano, na minha vida e na das mulheres com as quais eu convivo, é um excesso de atividades diárias. No trabalho temos que ser produtivas, bater metas, dar conta de uma série de tarefas. Depois de uma jornada exaustiva, um homem se joga no sofá, cansado. Mas uma mulher não pode se dar a esse luxo. Quando ela chega em casa, tem todo o serviço doméstico esperando. Tem o supermercado. Se ela for mãe, é ela quem confere os trabalhos escolares do filho, se preocupa com os cuidados médicos, vacinação. Não é fácil”, destaca. No Brasil, de acordo com a pesquisa, no ano passado a dedicação das mulheres em afazeres domésticos chegou a 20,9 horas semanais, o dobro do tempo dispendido pelos homens que foi de  10,8 horas empregadas em cuidar do lar. “As pesquisas constatam em números e indicadores o peso da sobrecarga que levamos diariamente, sem tempo nem para adoecer”, reforça a ativista.