Cidades

Marcha contra privatização da Eletrobras encara aparato policial

Moradores da região onde acontece audiência pública precisam se identificar para transitar no local

Por Thayanne Magalhães 06/03/2018 11h48
Marcha contra privatização da Eletrobras encara aparato policial
Reprodução - Foto: Assessoria
Apesar da “operação de guerra” montada pela Polícia Militar de Alagoas (PMAL) para impedir o acesso da população à audiência teoricamente pública que acontece na manhã desta terça-feira (6), manifestantes se reuniram em frente à Escola da Magistratura (Esmal)Rua Cônego Machado, no Farol, para protestar contra a privatização da Eletrobras. Para a vice-presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, Dafne Orion, a audiência acontece para legitimar a venda da estatal para empresas privadas estrangeiras. “A audiência nada mais é do que um instrumento para legitimar o que não é legítimo. Já apresentamos diversos estudos e pesquisas que comprovam que a Eletrobras é viável enquanto órgão público. Que dá lucro”, afirmou. “Agora querem vender a Eletrobras Alagoas por cinquenta mil reais para depois o próprio governo comprar suas ações por cento e trinta milhões de reais. A empresa irá precarizar na mão do setor privado estrangeiro, o serviço vai ficar ruim e o valor da energia irá aumentar”, concluiu. Agressão O auxiliar técnico da Eletrobrás Alagoas, Thiago Tenório, afirmou que foi agredido por um policial militar, que usou um cassetete para tentar intimidar os manifestantes. “Eu estou protestando pacificamente pelo meu direito e de todos os trabalhadores. O PM nos agrediu com o cassetete, a mim e a outros colegas que está em marcha contra a privatização da Eletrobras. Estamos na Ditadura?”, questionou. [caption id="attachment_68574" align="aligncenter" width="1024"] Servidor da Eletrobras foi agredido por policial militar durante protesto (Foto: Sandro Lima)[/caption] Repúdio O Sindicato dos Urbanitários de Alagoas enviou nota, afirmando que “repudia veementemente, a operação de guerra que está sendo colocada em prática, visando impedir o livre acesso da população a audiência pública marcada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, que discutirá a privatização da Eletrobras Distribuição Alagoas – CEAL. O Sindicato foi informado que a Polícia Militar – PM está organizando uma força tarefa especialmente para agir durante este dia, visando impedir o acesso da população a audiência pública. Para isso, já foram emitidas notas do comando da PM, colocando batalhões inteiros a serviço desta operação, como o QUARTEL DO COMANDO GERAL – QCG, dispensando o pessoal de qualquer outra atividade neste dia e, determinando que todos estejam no local da audiência desde as primeiras horas da manhã, inclusive com a presença da cavalaria”. Moradores precisam se identificar A nota afirma ainda que os moradores das ruas próximas a Eemal, local onde ocorre a referida audiência, receberam informes da PM, avisando que neste dia eles precisam se identificar para transitar na localidade, caso contrário não terão acesso às suas residências e/ou local de trabalho.  “Uma grave afronta ao direito de ir e vir das pessoas”, diz a nota. Para o Sindicato, “está clara a operação de guerra organizada pelo governo do Estado, a pedido do governo Michel Temer, visando impedir o acesso da população a referida audiência, evitando assim que o povo se manifeste livremente contra a privatização da CEAL, como ocorreu na primeira audiência, no dia 27 de fevereiro último. O Sindicato dos Urbanitários repudia a utilização de dinheiro público gasto em uma operação que visa única e exclusivamente impedir a livre manifestação popular, calando a voz daqueles que se declaram contrários ao processo de entrega da maior empresa pública do estado de Alagoas, e que desejam denunciar os males da privatização deste importante e estratégico setor para a economia e para o povo em geral, que trará apenas aumento de tarifas e piora da qualidade dos serviços. O Sindicato, os movimentos sociais e a população em geral exigem um posicionamento do governador Renan Filho, que não pode se calar em um momento decisivo para o povo alagoano, bem como contribuir com o arbítrio, a ditadura e o golpe montado contra a população, pois em todos os Estados onde essas empresas foram privatizadas, o povo sofreu sem poder pagar, já que a energia ficou muito mais cara, pois a lógica do capital privado é apenas o lucro, não tendo a visão e o compromisso social de garantir energia para todos. O Sindicato, os movimentos sociais e a população alagoana esperam poder ter acesso ao evento, sem violência, de forma democrática, para poder expressar livremente o que pensam sobre este processo, garantindo assim, na forma da lei, que o objetivo maior de uma audiência pública seja respeitado, permitindo o debate e a pluralidade de ideias”. [caption id="attachment_68573" align="aligncenter" width="1024"] Aparato policial foi designado para impedir que população participasse de audiência pública (Foto: Sandro Lima)[/caption]   https://www.youtube.com/watch?v=YJKKupndTAI&feature=youtu.be