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Rota Ecológica tem 80 pousadas de charme

Trecho do litoral alagoano, repleto de piscinas naturais, teve “privilégio” de não ter sido atingido pelo turismo de massa

Por Claudio Bulgarelli – Sucursal Litoral Norte 30/12/2017 10h27
Rota Ecológica tem 80 pousadas de charme
Reprodução - Foto: Assessoria
Alagoas sempre teve suas praias da moda: primeiramente as da capital: Pajuçara nos anos 60, Ponta Verde e Jatiúca nos anos 70/80. Depois vieram as vizinhas Francês e Barra de São Miguel nos anos 80, e depois as até então pouco conhecidas Gunga e Maragogi nos anos 90. Neste século XXI, começou a despontar para o turismo e para a mídia nacional o pedaço do litoral alagoano que, paradoxalmente, era o que menos havia sofrido a intervenção humana: as praias do Litoral Norte, nos municípios próximos a São Miguel dos Milagres, Passo de Camaragibe e Porto de Pedras. Este trecho sossegado do litoral alagoano, repleto de piscinas naturais, teve o “privilégio” de não ter sido atingido pelo turismo de massa, mesmo que atualmente haja ônibus de turismo que saem de Maceió com destino a estas praias. O caráter isolado destas praias de mar tranquilo se deve ao fato da estrada litorânea que cobre todo o Estado de Alagoas fazer exatamente um desvio quando passa por este trecho: a rodovia AL 101 Norte passa sempre pelo litoral, exceto no trecho de 50 km que passou a ser chamado de Rota Ecológica. Não que a Rota Ecológica seja de difícil acesso: de jeito nenhum. Em menos de duas horas se chega a este trecho do litoral alagoano por estradas asfaltadas. No caminho, vê-se vilas de pescadores, cidadezinhas do interior que pararam no tempo… Uma grande vantagem, por sinal. Diante de uma natureza preservada, muitos empresários (uns nativos, uns de fora do Estado e outros inclusive de fora do país) começaram a instalar pousadas onde a grande atração é a promessa de relaxamento, de fuga do estresse das grandes cidades. Estas pousadas foram crescendo, em quantidade e em qualidade. Quantitativamente, já são aproximadamente 80; em termos da qualidade, algumas já venceram vários prêmios nacionais e internacionais. O especialista em turismo, Ricardo Freire, que escreve para diversas revistas nacionais, sendo o primeiro jornalista a falar em rota ecológica, sentenciou em seu blog Viagem na Viagem: “O Brasil é repleto de belas paisagens em que os hotéis sofisticados são substituídos por cor local, simpatia e informalidade. Mais do que em outras regiões do país, você pode encontrar essa arte depurada do bem viver no Litoral Norte de Alagoas. Ao longo de 50 quilômetros de praias belíssimas, servidas apenas por uma estrada secundária apelidada de Rota Ecológica, encontra-se a mais interessante coleção de pousadas de charme do litoral brasileiro”. Claro que para conhecer esses pequenos recantos de paraíso, é preciso muito dinheiro no bolso, esquecer os sapatos em casa e exercitar o luxo supremo de não ter nada para fazer. Mas, mais do que um conjunto de pousadas de charme, cercada por um mar cristalino e por praias intocáveis, a Rota Ecológica consiste em um modelo de exploração do turismo made in Alagoas que está dando certo: divulga o nome do Estado sem grandes investimentos de marketing, respeita o meio ambiente e valoriza a mão de obra local. O grande trunfo da chamada “Rota Ecológica”, o trecho do litoral de Alagoas entre Barra do Camaragibe e Porto de Pedras, é a desproporção entre a quantidade de seres humanos e as belíssimas praias quase selvagens. O inferno são os outros, certo? Pois neste paraíso as areias estão eternamente vazias, até mesmo na alta temporada. O fenômeno não é obra de São Miguel dos Milagres, mas sim de um tipo de ocupação em que as pousadas comportam pouquíssimos hóspedes a preços altíssimos. Ou seja, uma maravilha para quem tem a conta bancária recheada e um problema para o resto da humanidade.