Cidades

Alagoas tem duas mortes por mês em acidentes de trabalho

Dados do MPT apontam que Estado registrou 121 óbitos no período de 2012 a 2016 e mais de 24 mil comunicações de desastres

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 05/12/2017 08h00
Alagoas tem duas mortes por mês em acidentes de trabalho
Reprodução - Foto: Assessoria
Os acidentes de trabalho em Alagoas causaram uma morte a cada 14 dias entre os anos de 2012 e 2016, segundo o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT). Já foram 121 mortes notificadas e mais de 24 mil Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT’s). Em Alagoas, dois casos recentes, no mês passado, envolvendo atividades de construção civil estão sob investigação da Auditoria Fiscal do Trabalho, setor da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). Segundo a assessoria de comunicação dos auditores fiscais do Trabalho, um caso ocorreu no Loteamento Durville, no bairro Colina dos Eucaliptos, e outro envolveu um pintor no bairro Santos Dumont, ambos utilizavam andaimes de maneira inadequada. Para o auditor fiscal do trabalho, Alexandre Sabino, as causas dos recentes acidentes precisam ser investigadas. “Estamos investigando os motivos destes acidentes. Tudo indica que os andaimes não estivessem montados de acordo com as normas de segurança”, esclarece. Ainda segundo Sabino, o período do ano requer ainda mais atenção, principalmente pelo aumento no número de reformas e inclusão de adereços nas fachadas. “O que nos chama a atenção é que os dois acidentes ocorreram com andaimes em pouco mais de uma semana de diferença. E o período do ano é propício para uma maior utilização de andaimes, que são instalados sem precaução, sem os cuidados mínimos. Muitas vezes com a base instalada em terrenos irregulares, andaimes em más condições, quase que imprestáveis, aí colocam graxa para que eles sejam montados e isso gera risco de acidentes. É preciso que se destaque a necessidade de cuidados porque o risco não é apenas de uma queda de altura, e sim de onde o choque do trabalhador vai ocorrer”, ressalta. Mas não é apenas a Construção Civil a responsável pelos acidentes de trabalho. Essa atividade corresponde apenas a 4,66% dos casos e envolve principalmente quedas, choques e soterramentos. Dados do Observatório apontam que a atividade canavieira fica em primeiro lugar, o que corresponde a 46% dos acidentes. Seguida pelas atividades hospitalares, com 8%. O auditor explica que os casos de acidentes envolvendo a atividade canavieira decorrem muitas vezes do transporte de trabalhadores entre os postos de trabalho, cortes, lacerações e adoecimento pela jornada exaustiva. “Como os trajetos são longos entre as áreas do corte de cana, esses trabalhadores precisam ser transportados em ônibus e ocorrem acidentes, que chamamos de acidentes de trajeto. Isso vitima muito também. Ocorrem ainda os cortes, as amputações pelo manuseio dos equipamentos e a exaustão, o adoecimento pela carga de trabalho, choques elétricos também são comuns, e isso tudo ocorre em áreas rurais”, pontua. O Observatório reúne informações obtidas por meio da Previdência Social e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ainda segundo as estimativas, em todo o país, os gastos da Previdência com Benefícios Acidentários ultrapassa a marca de R$ 24 milhões.