Cidades

Pais de todos os tipos mostram posturas distintas na educação dos filhos

Apesar das inúmeras variações, amor fala mais alto e eles mostram que exercer papel é um desafio

12/08/2017 08h30
Pais de todos os tipos mostram posturas distintas na educação dos filhos
Reprodução - Foto: Assessoria

Amigo ou conservador? Moderno ou autoritário? Existem inúmeras variações de pais, mas no fim das contas o amor fala mais alto e eles mostram que exercer o papel é um desafio diário e cheio de recompensas.

A psicóloga Lígia Cavalcante destaca que a postura dos pais vem mudando ao longo dos anos. Características como o diálogo, a flexibilidade e a relação de amizade são fruto da transformação cultural que as gerações têm passado.

“É preciso levar em consideração a cultura e a criação no qual eles foram educados e que podem influenciar de forma significativa na postura deles”, pontua.

Segundo a psicóloga, há dois tipos predominantes de pais. Os mais modernos, que têm uma visão mais aberta em relação à educação dos filhos, e os mais conservadores, que mantêm a criação nos moldes ‘de antigamente’.

“Temos hoje um perfil de pais mais jovens, por serem educados de forma mais aberta e menos rígida, com pensamentos mais modernos, justamente em virtude dessa flexibilidade da criação. Os pais mais velhos apresentam um perfil diferente, mais controlador e conservador, também em virtude da criação que tiveram. Mas isso não quer dizer que eles não estejam abertos para uma mudança de comportamento”, esclarece.

Intitulando-se um ‘pai palhaço’, o engenheiro agrônomo Rodrigo Azevedo Peixoto é pai de Gustavo, de 9 anos, e Isabela, de 6 anos. Ele conta que faz a diversão dos filhos com brincadeiras e situações inusitadas. Certa vez, pintou o corpo de verde para ficar igual ao personagem Hulk dos desenhos em quadrinhos.

“Eles me acham palhaço. Fazemos muito presepada juntos. Muita brincadeira. Na hora de exigir, eu exijo. Mas não me considero um pai exigente. Quero que eles cumpram as regras, façam as atividades, durmam nos horários, mas procuro dar o meu melhor para eles, sem pressão”, conta.

DESAFIO

“Filho é igual a videogame, cada fase vai ficando mais difícil”

Ser pai, segundo Rodrigo, é desafiador, pois cada etapa do desenvolvimento requer um tipo de esforço.

“Cada fase é um desafio. No primeiro filho, não sabia de muita coisa. Tive que ir aprendendo com os erros. Desde o primeiro dia dando banho, trocando fralda, à medida que vão crescendo os desafios vão mudando. Li uma frase interessante esses dias que dizia que filho é igual a videogame, cada fase vai ficando mais difícil, e é verdade”, dispara.

A esposa Daniela diz que as crianças se empolgam na presença do pai. “É assim o tempo todo. Eles brincam muito, respeitam. É muito saudável e ele [Rodrigo] vira criança com eles”.

E as crianças, não escondem a animação. Isabela resume o pai em uma palavra “brincalhão”. Já Gustavo conta que assiste desenhos, brinca de bola e de várias brincadeiras.

“Meu pai é legal, bem divertido, gosta de ficar comigo”, resume o menino.

MODERNO

Publicitário incentiva filho a fazer suas próprias escolhas

Já o publicitário Flávio Gequitá, pai de Julio Cesar, de 9 anos, se considera um ‘pai complicador’. Ele diz que busca incentivar o filho a ter suas próprias metas de vida, o que pode parecer uma maneira diferente de criação.

“Tento criar meu filho sem fazer com que ele guie meus passos. Quero que ele aprenda, pense. Quero que ele seja uma cabeça pensante. Eu sempre tento mostrar todas as variantes para que ele um dia possa fazer uma escolha sensata baseada nos pensamentos dele”, garante.

No entanto, o fato de incentivar a independência do garoto não diminui o amor, segundo Flávio. Ele conta que participa ativamente da vida do filho, sempre respeitando o espaço dele.

“Eu participo absurdamente da vida dele. Fui filho de pais separados e minha mãe nunca aceitou que eu tivesse contato com  meu pai. Então, eu tento ser para o meu filho o pai que eu não tive. Na hora que ele não me quer por perto aí tudo bem, mas havendo cinco minutinhos eu gosto de sentar do lado dele, assistir televisão, tentar mostrar algo diferente”, expõe.

Eles consideram educar um desafio

Quer seja amigo ou conservador, relacionamento saudável proposto pelos pais é considerado importante, diz psicóloga

O oficial de Justiça Julio Fontan pai de Lara, de 10 anos, e Hugo, de 7 anos, se considera um ‘pai amigo’. Para ele, ser pai é estabelecer uma relação de amizade.

“Sempre estar presente, conversando, tentando se aproximar cada vez mais. Criar um laço de amizade para perdurar pela vida toda. Levo na escola, vou buscar, estudo para a prova, levo para médico. É o tempo todo do lado deles.”

Julio não esconde a satisfação de estar presente na vida dos filhos, apesar de acreditar que a criação é uma tarefa árdua.

“Eu acredito que o meu maior desafio ainda está para chegar, que é quando eles estiverem na adolescência, sem a gente, essa eu acho que vai ser a parte mais difícil. Porque por enquanto está sendo muito prazeroso”, ressalta o oficial de Justiça.

Fechando a lista, o comerciante Franklin Tenório é pai de Ana Carolina, de 16 anos, Ana Beatriz, de 11 anos, e Lucas, de 10 anos. A criação tradicional é marca desse pai, que se considera conservador.

A esposa Elisabete conta que a relação entre o pai e os três filhos é extremamente amorosa, mas que as regras são rígidas dentro de casa.

“Podemos dizer que ele é um pai autoritário e conservador (risos), mas faz de tudo pelo bem das crianças. A Carol [filha mais velha] que o diga, sempre bate de frente”, explica Elisabete.

Franklin diz que o principal desafio na criação é educar. Para ele, preparar os filhos para a sociedade é uma preocupação constante.

“Educar para o mundo é um desafio, educar com ensinamentos bíblicos. Terminar de criar também não é fácil, principalmente no mundo de hoje com a internet”, afirma Franklin.

Segundo a psicóloga Lígia Cavalcante, independente da postura do pai, a presença na vida dos filhos e um relacionamento saudável são importantes para o desenvolvimento.

“Nesse caso, fortalece as relações afetivas de vínculo e de confiança. As crianças se sentem cuidadas e valorizadas pelos pais. Haja vista, que muitos pais na ausência da rotina diária da criança passam a substituir o ser pelo ter”, conclui.