Brasil

Paralisação dos caminhoneiros segue pelo 6º dia consecutivo

Após a publicação de decreto que autoriza o uso das Forças Armadas, rodovias ainda apresentam trechos com protestos de categoria

Por R7 26/05/2018 11h44
Paralisação dos caminhoneiros segue pelo 6º dia consecutivo
Reprodução - Foto: Assessoria
Um dia após o presidente Michel Temer (PMDB) assinar um decreto que autoriza o uso de forças de segurança, diversas estradas estaduais e federais continuam bloqueadas neste sábado (26), sendo o sexto dia de protesto de caminhoneiros contra o preço do óleo diesel. Pelo menos 380 pontos permanecem bloqueados e 132 foram liberados, segundo balanço feito pelo jornal O Estado de S. Paulo. No sexto dia consecutivo de greve dos caminhoneiros, 31 voos das principais companhias aéreas que operam em todo o País foram cancelados na madrugada do sábado (26). Segundo a Infraero, os cancelamentos representam 13,3% dos 233 voos programados. Segundo a empresa estatal, os atrasos são decorrentes de diversas razões, inclusive, em função do desabastecimento. Na manhã do sábado, a Infraero também informou que 11 aeroportos em todo o país estão com falta de combustível. São Paulo Na rodovia Régis Bittencourt, os trechos que apresentam tráfego lento em função dos protestos são do km 281 ao km 279, em Embu das Artes, sentido norte, e do km 278 ao km 280, também em Embu das Artes, sentido sul. Trechos entre o km 470 ao km 477, em Jacupiranga, sentido norte, e km 383 ao km 385, região de Miracatu, sentido sul, também estão com lentidão devido aos protestos. No Rodoanel não há interdições, mas a via tem lentidão no trecho de Embu das Artes, em razão dos protestos na Régis Bittencourt. Segundo a Ecovias, há manifestação na rodovia Anchieta, nos dois sentidos, entre o km 22 e 24, em São Bernardo do Campo. O trânsito, porém, está liberado para veículos de passeio, motos, ambulâncias e coletivos. De acordo com a concessionária Nova Dutra, os caminhoneiros também permanecem na rodovia Presidente Dutra nas regiões de Santa Isabel, São José dos Campos, Jacareí, Caçapava, Pindamonhangaba, Lorena, Barra Mansa e Piraí. A rodovia Anhanguera permanece com bloqueio na região de Limeira. A concessionária orienta o motorista a utilizar a rodovia dos Bandeirantes. As rodovias Imigrantes, Raposo Tavares, Castelo Branco, Ayrton Senna e Bandeirantes seguem sem mobilizações. Rodovias estaduais também apresentam pontos de bloqueio de caminhoneiros: SP-270, no km 570 e 700, município de Presidente Prudente em ambos os sentidos; na SP-421, no km 118, município de Iepe em ambos os sentidos, com cerca de 13 caminhões no ato; na SP-501, no km 031 e 500, em Alfredo Marcondes, em ambos os sentidos, com 15 veículos grandes; na SP-284, no km 521 e 500, em Rancharia, em ambos os sentidos, com 70 caminhões; na SP-483, no km 009 em Taciba, em ambos os sentidos, com 30 veículos de grande porte. Na SP-425, no km 438 e 200, em Indiana, com 30 caminhões; na SP-270, no km 620, em Presidente Venceslau com 90 caminhões; na SP-127 em Ouro Verde, com nove caminhões; na SP-578 no km 400 em Inúbia Paulista, com 10 veículos de grande porte e SP-294, no km 658, em Tupi Paulista, com 36 caminhões. Minas Gerais A rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte, também conta com manifestações nas primeiras horas de hoje. São 13 pontos de bloqueio, em ambos os sentidos, todos em Minas Gerais, de acordo com a concessionária que administra a via. Os bloqueios estão nas cidades de Extrema, Pouso Alegre, São Sebastião da Bela Vista, São Gonçalo do Sapucaí, Três Corações, Carmo da Cachoeira, Lavras, Perdões, Oliveira, Carmópolis de Minas, São Joaquim de Bicas, Betim e Igarapé. Os manifestantes impedem a passagem de caminhões, mas liberam a passagem de veículos de passeio. Goiás Caminhoneiros realizam protesto na rodovia BR-103, em Aparecida de Goiânia, na manhã deste sábado. Os caminhões estão estacionados no acostamento da via, próximo a um posto de gasolina, o qual ainda possui combustível e registra uma fila gigante. Na capital, Goiânia, o transporte público está circulando nas ruas com a frota reduzida.  Mato Grosso Ao 6° dia da greve dos caminhoneiros, uma carga de 44 mil litros de querosene teve de ser escoltada durante a madrugada deste sábado (26) pela PRF para abastecer o terminal do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, localizado em Várzea Grande, região Metropolitana de Cuiabá. Categoria segue com protestos em pelo menos 15 pontos nas rodovias que cortam o Estado. Distrito Federal Mesmo conseguindo a liberação de caminhões de combustível, o Governo do Distrito Federal decidiu reduzir a frota de ônibus nas ruas neste sábado (26). Segundo o secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, o sistema vai operar com um número de veículos menor, na mesma proporção de um domingo. Pelas contas oficiais do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), aos sábados são realizadas 13.280 viagens e 8.950 aos domingos. “Com isso, teremos combustível até terça-feira (29). Pioneira e Urbi (empresas que realizam o serviço) voltaram a operar normalmente na segunda (28). Mas vamos ter que acompanhar a situação diariamente. Precisamos economizar no final de semana para poder garantir o abastecimento até terça. Estamos hoje em estado de alerta. Mas poderia ser muito pior”, comenta Damasceno. Rio de Janeiro O sexto dia consecutivo de paralisação nacional dos caminhoneiros provocou a interrupção do serviço nas três linhas do BRT neste sábado (26) no município do Rio de Janeiro. Em comunicado, o consórcio informou que ficou totalmente sem combustível para alimentar os veículos articulados, responsáveis por transportar 450 mil passageiros por dia. As 125 estações foram fechadas e os 440 ônibus articulados ficaram parados. São 125 quilômetros de corredores exclusivos, responsáveis por fazer a ligação entre as linhas de ônibus locais e também com o metrô. Também por falta de combustível, o transporte de barcas entre o Rio e Niterói foi totalmente suspenso neste sábado. Uso da força contra manifestantes Na noite da sexta-feira (25), o presidente Michel Temer assinou decreto determinando o uso das forças federais para liberar as rodovias e reabastecer o país com os produtos retidos nas estradas. O decreto, publicado em edição extra do Diário Oficial da União, autoriza o emprego das Forças Armadas no contexto da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) até o dia 4 de junho. Também na noite de ontem, a Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), uma das principais entidades em apoio à paralisação dos profissionais do setor, solicitou que os caminhoneiros liberem as rodovias do País. "A Abcam, preocupada com a segurança dos caminhoneiros envolvidos, vem publicamente pedir que retirem as interdições nas rodovias, mas, mantendo as manifestações de forma pacífica, sem obstrução das vias", diz a entidade. Apesar da solicitação de liberação das vias, a Abcam classifica como "lamentável" o que chama de manifestação tardia de Temer, que "preferiu ameaçar os caminhoneiros por meio do uso das forças de segurança ao invés de atender às necessidades da categoria".