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Procurador crê que propina para Picciani, Albertassi e Melo tenha sido repassada a outros deputados

De julho de 2010 a julho de 2015, o presidente afastado da Alerj teria recebido R$ 49 milhões da Fetranspor

Por Texto: Henrique Coelho com G1 07/12/2017 16h34
Procurador crê que propina para Picciani, Albertassi e Melo tenha sido repassada a outros deputados
Reprodução - Foto: Assessoria

Procuradores do Ministério Público Federal detalharam, no começo da tarde desta quinta-feira (7), o esquema de corrupção que, segundo eles, envolvia a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e empresários de empresas de ônibus. Segundo a denúncia, Jorge Picciani tinha "posição de liderança" no esquema, mas os procuradores não descartam que o dinheiro de propina repassado para Picciani, Melo e Albertassi tenha sido repassado para outros deputados.

“Corrupção na Alerj segue viva e em franca atividade. Temos indícios de fatos”, explicou o procurador-regional da República Carlos Aguiar, que evitou citar nomes para não atrapalhar as investigações.

De julho de 2010 a julho de 2015, o presidente afastado da Alerj teria recebido R$ 49 milhões da Fetranspor. O deputado Paulo Melo, segundo procurador, teria recebido R$ 54 milhões em propinas.

"O ex-governador Sérgio Cabral efetuou pagamentos para Paulo Melo e Jorge Picciani, explicou procurador sobre a divisão da propina.

Ainda de acordo com o Ministério Público, os deputados fazem parte da mesma organização criminosa que o ex-governador Sérgio Cabral.

"As investigações deflagradas aqui na Operação Cadeia Velha mostram, na verdade, que a organização criminosa que já havia sido descortinada pelas operações da primeira instância, Calicute, Eficiência, Saqueador, é uma mesma organização criminosa no Estado do Rio de Janeiro. Não são duas. É uma só organização criminosa", disse a procuradora regional da República, Silvana Batini.

Procuradores da República detalham denúncia contra Jorge Picciani, Paulo Melo, Edson Albertassi e outras 16 pessoas (Foto: Henrique Coelho/ G1)

A denúncia do Ministério Público Federal encaminhada ao Tribunal Regional Federal da 2a Região (RJ e ES) envolve 19 pessoas, suspeitas de participar de esquema que envolvia propinas para o ex-governador Sérgio Cabral e deputados estaduais em troca de vantagens na área de transportes. São investigados os crimes de corrupção Passiva e Ativa, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

Entre os denunciados, estão Jorge Picciani, ex-presidente da Alerj, Paulo Mello e Edson Albertassi, deputados estaduais, além do filho de Picciani, Felipe, José Carlos Lavouras, atualmente foragido; Jacob Barata filho, recentemente liberto pela terceira vez no Supremo Tribunal Federal; Lélis Teixeira, ex-presidente da Fetranspor; e o doleiro Álvaro Novis, junto com seu operador Edimar Ferreira Dantas. Executivos da Odebrecht, que faziam parte do esquema ordenando pagamentos para os deputados através de doleiros como Novis, também estão na denúncia.

Em nota, a defesa de José Carlos Lavouras afirma que ele não está foragido. "Quando sua prisão foi decretada, ele estava em Portugal visitando seus familiares e foi detido pela Interpol, não podendo voltar ao Brasil. O seu pedido de extradição foi negado porque Lavouras é português nato. As leis dos dois países estão sendo cumpridas", diz a nota.

Sobre a delação de Alvaro José Novis, Lavouras afirma: "Delações visam a dar prêmios a criminosos confessos, que ficam impunes. Por isso, delatores reiteradamente faltam com a verdade e induzem autoridades em erro. Por este motivo, tantas delações estão se revelando inconsistentes."