Enfim, atletas celestiais!
Nistatino dos Reis e Dióxido Tibúrcio sempre foram bons amigos. Desde os tempos de criança, no bairro Bebedouro. O sonho de ambos era, cada um, atingir o estrelato no bate bola, mas cadê craqueza pra isso? Bem que insistiram.
Todos os sábados eles se juntavam a outros companheiros, no campinho de futebol no Flexal de Baixo, próximo a estação da Rede Ferroviária do Nordeste e tome pernada pra frente!
Anos mais tarde, ambos chefes de família, a amizade que os unia terminou de maneira trágica. E adeus às emoções dos bons tempos de pelada. É que, vitimado num acidente de carro Nistatino esticou definitivamente as canelas.
Quando ainda se achava no leito de morte, Nistatino recebeu a visita do velho e leal amigo, que desabafou, entre lágrimas:
– Tino, vou sentir muita falta das nossas peladas, pode crer!
– Eu também! – rebateu o amigo, num fio de voz.
– Escuta… vou lhe fazer um último pedido, e eu quero que você me atenda, mesmo depois de morto…
– Faça o pedido.
– Eu preciso saber se tem futebol nessa tal de vida depois da morte…
Respirando com dificuldade, o moribundo prometeu:
– Está bem. Assim que eu me certificar direitinho, volto e lhe conto. Pode ficar tranquilo.
Mês e tanto depois do óbito do amigo, Dióxido foi despertado por uma luz forte e brilhante, no meio da madrugada. Atordoado, ele pulou da cama:
– Nistatino, é você?!
– Sou eu, Dió…
– Tu bem? E aí, tem futebol na vida eterna?
– Tem.
– Ôba!
– A propósito, estou lhe trazendo duas notícias. Uma boa e outra ruim…
– Manda ver!
– Lá vai a boa! Domingo próximo, vai haver o maior torneio de futebol no Paraíso Celestial, e eu vou jogar! Peguei uma vaga de lateral esquerdo…
– Grande, Dió! E a notícia ruim, qual é?
– Escalaram você na ponta esquerda do meu time!
Sem comprometimento
Mais de 90 anos de idade, finalmente o macróbio Abrôncio Nascimento estava partindo desta para a melhor. Do lado da sua cama, encontrava-se o padre Aniceto, que lhe fora ministrar a extrema-unção:
– Caro irmão, para descansar em paz é necessário que renegue o “Eu renego o demônio!”
O moribundo só olhar para o reverendo.
– Vamos, meu amigo… repita comigo: “Eu renego o demônio!”
E Abrôncio, ó, boca fechada.
– Por que você não quer renegar o diabo? – inquietou-se o padre.
Então, o vetusto respondeu com voz apagadinha:
– Enquanto eu não souber pra onde eu vou, não me comprometo com ninguém!
Genro prevenido
O distinto Cleocrisbaldo Leite não conseguia se concentrar no noticiário da TV, porque sua mulher virava e revirava, febrilmente, a estante. Até que ele perdeu a paciência:
– Que bubônica tanto você procura, Eunápia?
– Um livro, claro!
– Mas que livro?
– Aquele intitulado “Como Viver 100 Anos”. Você sabe onde ele está?
E o marido:
– Ah, eu guardei na gaveta da cômoda, pra sua mãe não ler!
Como morder?
Era batata. Todos os dias, entre cinco e cinco e meia da tarde, o ilustre Aeronaldo era visto passeando na orla marítima com o seu cachorrão Otelo, seguro pela corrente. O animal era um rottweiller parrudão, que apreciava muitíssimo triturar, no dente, canelas alheias.
– Então, lá iam os dois calçadão a fora quando, de repente, surgiu no cenário dona Hipotenusa, madame tida e havia como a maior fofoqueira do pedaço. Ao se aproximar do Aeronaldo e seu cachorro, ela achou de querer tirar uma onda com o cão:
– Ô Aeronaldo, esse seu vira latas deixa a gente chegar mais pra perto?
Puto com a tentativa de depreciação do seu animal, Aeronaldo respondeu cheio de grossura:
– Claro! Do contrário de que jeito ele vai poder morder a senhora?
Hipotenusa duvidou. Hoje, ela só tem um braço.
Tomou todas!
Finalzinho do carnaval fora de época na capital, intitulado Maceió Fest. A negrada não parava de pular, de uma ponta a outra da praia da Pajuçara. Encostado no balcão de um dos barzinhos da orla, encontrava-se o galã de terceira categoria chamado Leocádio Betânio. Nisso, aproximou-se uma feiosa e pediu ao garçom um refrigerante. Ai, ele aproveitou o embalo e mandou a cantada, só pra tirar uma “chinfra” com ela:
– Puxa! Sabe que o álcool deixa você mais linda do que nunca?!
– Sai pra lá, enxerido! Fique sabendo que até agora não bebi uma gota de álcool!
– Você não. Mas eu já tomei todas!